Comportamento de Híbridos de Milho Ciclos Precoce e Superprecoce para a Região da Zona da Mata de Minas Gerais
A. A. DONÁ, G. V. MIRANDA, L. J. M. GUIMARÃES, R. C. MARCASSO, L. V. de SOUZA e F. F. CANIATO
glauco@mailufv.br Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Fitotecnia. CEP 36571-000. Viçosa, MG.
Palavras-chave: interação genótipos x ambientes, germoplasma.
RESUMO
O objetivo foi avaliar o comportamento de híbridos de milho ciclo precoce e superprecoce na Região da Zona da Mata de Minas Gerais. Para isso, o Programa Milho ® UFV instalou ensaios no ano agrícola 2000/1 e 2001/2 na Estação Experimental de Coimbra, pertencente à Universidade Federal de Viçosa. No ensaio dos híbridos precoces foi utilizado, nos dois anos agrícolas, o delineamento experimental látice 7x7 com duas repetições. No ensaio dos híbridos superprecoces, no primeiro ano foram avaliados 21 híbridos, em blocos ao acaso com duas repetições e no segundo ano 25 híbridos utilizando o delineamento látice 5x5 com duas repetições. As parcelas foram constituídas de duas fileiras de cinco metros de comprimento, espaçadas 0,9 m, com densidade de semeadura de cinco plantas por metro linear e estande final estimado de 55.000 plantas.ha-1. Utilizou-se 300 kg de 8-28-16 da fonte N-P-K, 60 kg/ha de nitrogênio em cobertura e nenhum controle químico de insetos e doenças. As produtividades médias dos híbridos de ciclo precoce variaram de 11.638 kg/ha (NB 7318) a 3.027 kg/ha com média de 6.678 kg/ha no primeiro ano e de 7.080 kg/ha (CDX TO1) a 4.052 kg/ha com média de 6.015 kg/ha, no segundo ano. Os híbridos de ciclo superprecoce apresentaram produtividades médias que variaram de 8.540 kg/ha (CMS 98-2C) a 4.494 kg/ha com média de 6.214 kg/ha em 2000/1. No ano seguinte a variação foi de 11.649 kg/ha (CMS-98-3C) a 3.576 kg/ha e a média de 7.621 kg/ha. Os resultados obtidos neste trabalho evidenciam a existência de híbridos com alto potencial de produção nas condições edafoclimáticas da região e indicam a necessidade de avaliação de cultivares em diversos anos para detectar a interação genótipos x anos.
INTRODUÇÃO
O comportamento de híbridos de milho varia com o ambiente no qual é cultivado. A esta resposta diferenciada à variação do ambiente denomina-se interação genótipos x ambientes. Isso significa que as respostas fenotípicas dos cultivares dependem da influência do ambiente na expressão do genótipo. Por isso, a identificação de genótipos que apresentem boa produtividade nas diversas condições ambientes com alta estabilidade e adaptabilidade geral é alternativa que tem sido utilizada para atenuar o efeito da interação genótipos x ambientes (MIRANDA, 1993). Outra alternativa é a estratificação do ambiente em regiões menores, pois ocorre menor variação ambiental (MORAIS et. al. 1980). Entretanto, mesmo com a divisão em sub-regiões ainda ocorre à interação genótipos x anos, pois as variações climáticas anuais são imprevisíveis. Assim, a identificação de genótipos mais estáveis, reduz a interação genótipos x ambientes e fornece maior previsibilidade do comportamento. O presente trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento de híbridos de milho ciclo precoce e superprecoce na região da Zona da Mata de Minas Gerais.
MATERIAL E MÉTODOS
Para atingir este objetivo, o Programa Milho ® UFV, instalou quatro experimentos na Estação Experimental de Coimbra, pertencente à Universidade Federal de Viçosa, nos anos agrícolas 2000/2001 e 2001/2002. Nos Ensaios de Híbridos de Ciclo Precoce, foram utilizados o delineamento experimental látice 7x7 com duas repetições nos dois anos agrícolas. Nos Ensaios de Híbridos de Ciclo superprecoce, foram avaliados 21 híbridos em blocos ao acaso com duas repetições em 2000/2001 e 25 híbridos utilizando o delineamento látice 5x5 com duas repetições em 2001/2002.
A área foi preparada utilizando calagem, aração, gradagem e sulcamento. A adubação de plantio foi de 300 kg/ha da formulação 08-28-16 e uma adubação de cobertura com sulfato de amônia, na quantidade de 60 kg/ha de N.
Em todos os ensaios, as parcelas foram constituídas de duas fileiras de 5 metros de comprimento, espaçadas 0,9 m, com uma densidade de semeadura de cinco plantas por metro linear e estande final estimado em 55.000 plantas. ha-1. As capinas e os demais tratos culturais foram executados de acordo com a recomendação técnica para o cultivo na região (EMBRAPA, 1993).
Neste trabalho, foi utilizado a produtividade de grãos corrigida para 13% de umidade, kg/ha e estande médio segundo metodologia de VENCOVSKY e BARRIGA (1992). A análises de variância e covariância, testes de F e t foram realizados utilizando o programa SAS (SAS, 1996).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os ensaios apresentaram médias de produtividade de grãos superiores a 6.000 kg/ha. Nenhuma doença atingiu os níveis de danos econômicos, evidenciando a região como apta para a produção do milho, apesar da baixa produtividade média das lavouras da região (3.000 kg/ha).
Em 2000/2001, o híbrido de milho ciclo precoce mais produtivo foi o NB 7318 com média de 11.638 kg/ha. Além disso, destacaram-se com produtividades acima da melhor testemunha (XB 8010), os cultivares UFLA 2001 (9.104 kg/ha), CO 32 (8.614 kg/ha), CMS 9816B (8.511 kg/ha), CD 3121 (8.448 kg/ha) e AG 8080 (8.218 kg/ha).
Em 2001/2002, o híbrido CDX T01 (7.080 kg/ha) foi o mais produtivo e não diferiram deste estatisticamente os híbridos P30F98 (7.051 kg/ha), CMS98-15B (7.026 kg/ha), P30F90 (7.012 kg/ha) e TT-AE-1 (6.963 kg/ha).
Em 2001/2002, a média da produtividade de grãos foi 10% inferior à do ano agrícola anterior e o cultivar mais produtivo também foi bem inferior ao melhor cultivar do ano anterior. Além disso, entre os cultivares comuns para os dois anos, somente o AG 7575, Balu 184 e o CD 6471 foram superiores no ano de 2001 em relação ao ano anterior, caracterizando a interação genótipos x anos.
Os híbridos de milho de ciclo superprecoce apresentaram médias superiores aos híbridos precoces no ano de 2001/2002, provavelmente pelas condições climáticas terem sido mais favoráveis. Os híbridos que apresentaram as maiores médias de produção e não se diferenciaram estatisticamente, em 2000/2001, foram CMS 98-2C (8540 kg/ha), SHS 5070 (7413 kg/ha), SHS 4050 (7237 kg/ha), UFLA 2003 (6803 kg/ha), XB 6432 (6751 kg/ha), C901 (6680 kg/ha), SHS 5050 (6468 kg/ha). Para 2001/2002 o mais produtivo foi CMS 98-3C com 11649 kg/ha.
CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho evidenciam a existência de híbridos com alto potencial de produção nas condições edafoclimáticas da região e indicam a necessidade de avaliação de cultivares em diversos anos para detectar a interação genótipos x anos.
TABELA 1 - Médias de produtividade (PG) de grãos de híbridos de milho ciclo precoce nas safras 2000/2001 e 2001/2002
2000/1 |
2001/2 |
|||
Cultivares |
PG (kg/ha) |
Cultivares |
PG (kg/ha) |
|
NB 7318 |
11.638 |
CDX T01 |
7.080 |
|
UFLA 2001 |
9.104 |
P 30F98 |
7.051 |
|
CO 32 |
8.614 |
CMS 98-16B |
7.026 |
|
CMS 9816B |
8.511 |
P 30F90 |
7.012 |
|
CD 3121 |
8.448 |
TT-AE-1 |
6.963 |
|
AG 8080 |
8.218 |
Farroupilha 25 |
6.899 |
|
XB 8010(T) |
8.200 |
CMS 99-27B |
6.850 |
|
Dina 657 |
8.187 |
NB 8310 |
6.734 |
|
DAS 950 |
7.884 |
AG 7575 |
6.681 |
|
AG 6690 |
7.867 |
AGN 32A47 |
6.654 |
|
P 3041(T) |
7.847 |
SHX 5001 |
6.625 |
|
XB 90016 |
7.811 |
CMS 9840B |
6.585 |
|
CMS HT 71053 |
7.779 |
NB 7260 |
6.557 |
|
Z 8480 |
7.770 |
DKB 350 (T) |
6.523 |
|
CMS HD2B |
7.685 |
CD 302 |
6.471 |
|
DKB 350 |
7.449 |
AS 1533 |
6.457 |
|
CO 9560 |
7.445 |
AGN 22A45 |
6.429 |
|
AGN 25E31 |
7.393 |
GNZ 1717 |
6.385 |
|
Balu 178 |
7.159 |
GNZ 1715 |
6.380 |
|
CMS 9837B |
7.100 |
SHX 7001 |
6.369 |
|
AS 1533 |
7.075 |
SHX 4003 |
6.333 |
|
Z 8420 |
6.899 |
XB 7011 |
6.300 |
|
Farroupilha25 |
6.802 |
AGN 22A46 |
6.222 |
|
SHS 5060 |
6.736 |
SHX 4002 |
6.178 |
|
XB 99266 |
6.673 |
CMS 97HT19A |
6.143 |
|
DAS 112X |
6.666 |
UFLA 2005 |
6.054 |
|
AGN 2511 |
6.602 |
DKB 747 (T) |
6.019 |
|
XB 7011 |
6.592 |
SHX 5002 |
5.993 |
|
NB 5318 |
6.287 |
BRS 1001 |
5.974 |
|
PL 6400 |
6.140 |
CMS 98HD-2B |
5.962 |
|
AG 7575 |
6.058 |
Z 8550 |
5.863 |
|
A 3680 |
5.921 |
XB 7253 |
5.842 |
|
UFLA 2005 |
5.916 |
AS 8577 |
5.757 |
|
CD 302 |
5.911 |
A 3663 |
5.754 |
|
AS 8577M |
5.882 |
Z 8460 |
5.722 |
|
Z 8392(T) |
5.868 |
HS 73-1-98 |
5.505 |
|
Z 8460 |
5.733 |
XB 7266 |
5.502 |
|
A 2480 |
5.640 |
Z 8480 |
5.454 |
|
SHS 4040 |
5.243 |
A 4450 |
5.416 |
|
CMS 985C |
5.199 |
CDX T03 |
5.383 |
|
PL 6480 |
5.064 |
PL 6410 |
5.311 |
|
Z 8410 |
5.008 |
P 30K85 |
5.230 |
|
CDX 98T02 |
4.971 |
Balu 178 |
5.135 |
|
CMS 98 HT 19A |
4.899 |
AS 3466 Top |
4.976 |
|
A 2366 |
4.889 |
SHX 4001 |
4.931 |
|
CMS 986C |
4.842 |
PL 6420 |
4.748 |
|
Balu 184 |
4.409 |
Balu 184 |
4.641 |
|
CD 301 |
4.159 |
A 4454 |
4.593 |
|
UFLA 2006 |
3.027 |
A 3680 |
4.052 |
|
MÉDIA |
6.678 |
MÉDIA |
6.015 |
|
DMS (5%) |
2.410 |
DMS (5%) |
1.581 |
|
C.V. (%) |
18,0 |
C.V. (%) |
13,07 |
TABELA 2 - Médias de produtividade (PG) de grãos de híbridos de milho ciclo superprecoce nas safras 2000/2001 e 2001/2002
2000/1 |
2001/2 |
|||
Cultivares |
PG (kg/ha) |
Cultivares |
PG (kg/ha) |
|
CMS 98-2C |
8.540 |
CMS 98-3C |
11.649 |
|
SHS 5070 |
7.413 |
SHX 4008 |
9.388 |
|
SHS 4050 |
7.237 |
SHX 4007 |
9.326 |
|
UFLA 2003 |
6.803 |
DKB 909 (T) |
8.743 |
|
XB 6432 |
6.751 |
CMS 98-1C |
8.583 |
|
C901(T) |
6.680 |
97HT98A |
8.497 |
|
SHS 5050 |
6.468 |
BRS 2223 (T) |
8.495 |
|
AGN 3541 |
6.316 |
SHX 5006 |
8.203 |
|
CMS 98 HT 19ª |
6.289 |
SHX 4006 |
8.026 |
|
A 2005 |
6.244 |
AGN 35A41 |
7.951 |
|
AG 3010(T) |
6.170 |
SHX-5005 |
7.899 |
|
NB 5218 |
6.165 |
RG-01F |
7.788 |
|
DKB 911 |
6.041 |
GNZ 1721 |
7.610 |
|
CD 3211 |
5.943 |
PL 6011 |
7.488 |
|
CMS HT 63 |
5.892 |
AGN 31A31 |
7.372 |
|
AGN 2012 |
5.876 |
AGN 32A21 |
7.227 |
|
PL 6001 |
5.674 |
PL 6020 |
7.117 |
|
CMS 98-3C |
5.289 |
SHX-7004 |
7.115 |
|
Z 8330(T) |
5.225 |
AGN 30A00 |
7.020 |
|
CMS 97 HT 98A |
4.975 |
CO 9560 |
6.913 |
|
AS 3601 |
4.494 |
PL 4000 |
6.600 |
|
XB 7282 |
6.074 |
|||
CO 32 |
6.067 |
|||
NB 5218 |
5.803 |
|||
XB 7288 |
3.576 |
|||
MÉDIA |
6.214 |
MÉDIA |
7.621 |
|
DMS (5%) |
2.128 |
DMS (5%) |
2.141 |
|
C.V. (%) |
16,0 |
C.V. (%) |
13,61 |
LITERATURA CITADA
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|
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